Arbitrar pode ser desafiador, excitante e gratificante. Por outro lado, os oficiais podem se sentir frustrados, ofendidos e pouco reconhecidos ou valorizados (Weinberg & Richardson, 1990). Os mesmo autores afirmam ainda que dentre os fatores envolvidos na arbitragem esportiva, os psicológicos parecem ser os mais críticos. Jogadores, técnicos, espectadores, fãs do esporte e a mídia, podem presumir que é possível aos árbitros agir como robôs, mas qualquer pessoa que tenha atuado nessa posição, em qualquer modalidade esportiva, sabe que nada poderia estar tão longe da verdade. Árbitros lidam com muita pressão, assim como atletas e técnicos. O árbitro pode ser considerado uma figura essencial no cenário competitivo característico do esporte atual, visto que é ele o responsável por tomar decisões, mediar conflitos e zelar pelo bom andamento de cada partida.
Dentre os trabalhos desenvolvidos junto aos atletas, um dos itens mais citados como causadores de "stress" refere-se à atuação das equipes de arbitragem durante as partidas (De Rose Junior, 1999; De Rose Junior & Vasconcellos, 1993; Samulski & Chagas, 1996).
Independentemente da modalidade esportiva, sempre existem pressões e a necessidade de tomadas rápidas de decisão por parte dos jogadores e, sobretudo, por parte dos árbitros conhecem completa e plenamente as regras, utilizam-se de mecânica adequada e são tecnicamente habilidosos. Entretanto, o que diferencia os melhores árbitros dos demais são as habilidades psicológicas, que poucos têm tempo de desenvolver (Kaissidis-Rodafinos, Anshel & Porter, 1997, 1998; Samulski, Noce & Costa, 1998; Weinberg & Richardson, 1990).
Auto-confiança, assertividade, capacidade de julgamento e tomada rápida de decisão, foco seletivo de atenção, concentração e motivação são algumas das qualidades constantemente encontradas em oficiais que atuam em partidas que exigem altíssimo nível de rendimento.
Apesar da importância atribuída ao treinamento das habilidades psicológicas, a rotina de treinamento físico, jogos e viagens impedem, em muitos casos, que o árbitro as desenvolva a partir de um programa de treinamento psicológico adequado à posição que o mesmo ocupa no esporte.
Para arbitrar também é necessário entender sobre jogadores, ter responsabilidade e estar consciente sobre o que faz com que um jogador se irrite e o que pode vir a comprometer sua atuação. Nenhum árbitro pode realizar uma partida excelente sem uma razoável quantidade de colaboração por parte dos jogadores (Federação Paulista de Basketball, 1998).
O árbitro necessita conhcer o jogo, perceber quais são os objetivos e intenções de jogadores e técnicos e suas respectivas manobras táticas, como também compreender suas ansiedades e as pressões que sofrem ao jogar ou dirigir (Federação Paulista de Basketball, 2000).
Durante os jogos, o árbitro catalisa as reações dos atletas, torcedores, dirigentes, imprensa e todas as pessoas envolvidas no espetáculo. Há interpretações das situações de jogo por parte de todos, muitas vezes diferentes daquelas realizadas pelo árbitro e, por isso, ele deve estar ciente de que sua atuação depende também de sua interação profissional com todos os envolvidos no esporte.
Segundo Samulski, Noce e Costa (1998) e bastante comum que ao término de eventos esportivos, espectadores, jogadores, treinadores, imprensa e todos aqueles que compõem o cenário esportivo, realizem comentários e críticas sobre a atuação dos árbitros. O mesmo estudo revela ainda que a condição de ser árbitro é bastante difícil, principalmente em função dos seguintes aspectos relacionados a uma partida ou disputa:
a) a diferença de interesses gera uma diferente percepção de causas e;
b) a diferença de exigências e pressões gera uma distinta percepção e, em conseqüência, uma distinta concepção, interpretação e avaliação de uma mesma situação de jogo;
Isto quer dizer que durante a competição, caracterizada, nesse caso, pelo evento denominado jogo, árbitros, técnicos e jogadores apresentam pontos de vista e funções diferenciadas em relação a aspectos técnicos, táticos, estratégicos e psicológicos. Esta diferença de interesses e funções pode gerar uma situação de conflito.
Neste instante, o árbitro pode ter a visão de que é ele o responsável por gerenciar e mediar a situação, conduzi-la da melhor maneira possível e de acordo com as regras do jogo. Entretanto, jogadores, técnicos e espectadores podem vê-lo como fator de interferência ou obstrução em função de divergências na percepção do mesmo evento ou situação.
Referência Bibliografia
DE ROSE JUNIOR, Dante; PEREIRA, Fabiana Pinheiro; LEMOS, Roberta Freitas. Situações Específicas de Jogo Causadoras de "STRESS" em Oficiais de Basquetebol. São Paulo: Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, 2002. págs. 160-73.
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