quarta-feira, 11 de março de 2009

Recentes Estudos sobre "Stress" e Arbitragem no Basketball

Estudos citados por Kaissidis-Rodafinos, Anshel e Porter (1997) demonstram que lidar com o "stress" é um processo bastante complicado, dependente de fatores situacionais e pessoais. O primeiro tipo de fator diz respeito aos aspectos objetivos do evento, relacionados com a natureza imediata da situação estressante constitui um problema ao qual estarão voltadas as tentativas individuais de resolução. A partir das recentes pesquisas, já é possível notar que a classificação de evento como estressante ou não é muito relativa e depende essencialmente de uma interpretação individual atráves de um processo definido como avaliação cognitiva.
Essa avaliação cognitiva é o primeiro estágio no processo de resolução, formando uma relação entre o agente supostamente estressante e a resposta individual por ele desencadeada. Portanto, a avaliação situacional está estreitamente relacionada com a seleção individual de respostas para resolução do problema.
O trabalho realizado por Kaissidis-Rodafinos, Anshel e Porter (1997) trata principalmente da influência de fatores pessoais e situacionais na seleção das estratégias utilizadas por árbitros de basquetebol para lidar com o "stress" crítico. Em eventos inconstantes, houve uma tendência de se evitar a resolução de problemas, voltando a atenção para a próxima tarefa. Entretanto, em eventos mais controlados, houve um esforço ativo para se conseguir resolver os problemas. Segundo alguns autores, outro fator que afeta o processo de resolução é o estilo adotado por cada indivíduo para selecionar estratégias e utilizá-las na resolução de cada problema. Isso fica mais evidente em situações em que ocorre alto nível de "stress" e que são, normalmente, difíceis de serem controlados, como as que ocorrem em diversas situações durante a arbitragem de basquetebol.
Além destes estudos que abordam estratégias para lidar com "stress" crítico, foram realizados outros, com objetivo de avaliar o nível, ou seja, a intensidade de stress em árbitros de algumas modalidades esportivas. Rainey e Winterich (1995) trabalharam com 723 árbitros americanos de basketball, sendo 56 do sexo feminino. O valor obtido do total da amostra indicou um nível de "stress" de baixo a moderado (89%), enquanto somente 5% da amostra reportou alto nível de "stress".
Ainda neste mesmo estudo, os árbitros mais experientes tenderam a relatar menor nível de "stress" do que os árbitros com menos experiência. Entreanto, os próprios autores chamam a atenção para algumas limitações do estudo como, por exemplo, algumas aspectos subjetivos da mensuração do nível de "stress" e o fato dos árbitros pertencerem a uma mesma região geográfica.
Kaissidis-Rodafinos, Anshel e Porter (1997), ainda consideram escassas as pesquisas realizadas na área e alertam para o fato de que as mesmas abordam geralmente o "stress" relacionado aos atletas ou aos técnicos, sendo que um grupo de participantes do esporte que ainda tem recebido, supreendentemente, pouca atenção dos estudiosos, é o dos árbitros, inclusive os de basketball. Esse fato que pode ser constatado pelo ainda pequeno número de publicações tratando do "stress" a que estão sujeitas as equipes de arbitragem.
Da mesma forma que os atletas, os oficiais de basketball, sejam eles árbitros ou mesários, estão sujeitos às pressões e cobranças das instituições e dos indivíduos aos quais encontram-se direta ou indiretamente ligados e também às condições adversas que podem ocorrer durante os jogos.
A dificuldade de manutenção de uma condição de equilíbrio em todos esses âmbito faz com que essas pessoas e instituições envolvidas no meio esportivo tornem-se fontes potenciais de "stress" para os árbitros. O estudo de Kaissidis-Rodafinos, Anshel e Sideridis (1998), por exemplo, demonstra que somente recentemente os oficiais de arbitragem esportiva têm passado a receber a merecida atenção dos pesquisadores. Abordando fontes, intensidade e respostas ao "stress" em árbitros de basketball gregos e australianos. Situações como: "Discutir com jogadores", "Discutir com os técnicos", "Abuso verbal dos técnicos", e outras, foram consideradas como mais estressantes pelos árbitros australianos do que por seus colegas de trabalho gregos. Por outro lado, árbitros gregos, quando comparados aos australianos, perceberam a "Presença da mídia" com o mais estressante. Foi possível ainda detectar diferenças quanto à percepção dos árbitros em relação à intesidade de "stress", assim como em seus pensamentos e estratégias de resolução para estas fontes de "stress". Essas diferenças foram atribuídas a fatores vocacionais, sociológicos e culturais entre os árbitros da Grécia e os da Austrália, o que sugere que antes da implementação de programas de gerenciamento de "stress", as características culturais da população à qual o programa é voltado devem ser consideradas.
Segundo De Rose Junior (1999), o basketball pode ser considerado uma modalidade esportiva complexa, que envolve um processo dinâmico e contínuo de situações específicas. Desse modo, os oficias de basketball devem ter a capacidade de lidar com essas situações, muitas vezes causadoras de "stress", mantendo níveis apropriados de ansiedade, atenção e concentração durante as partidas. Somente dessa forma possível ao mesário e, principalmente ao árbitro, garantir um estado psicológico aceitável, que permita uma atuação apropriada, com análises adequadas das situações e tomadas de decisões coerentes em diferentes momentos do jogo.
Aliados a outras características psicológicas envolvidas na arbitragem de qualquer modalidade esportiva competitiva, estes aspectos são decisivos na determinação do desempenho das equipes de arbitragem.

Referência Bibliografia
DE ROSE JUNIOR, Dante; PEREIRA, Fabiana Pinheiro; LEMOS, Roberta Freitas. Situações Específicas de Jogo Causadoras de "STRESS" em Oficiais de Basquetebol. São Paulo: Escola de Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo, 2002. págs. 160-73.
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